
Naquele tempo, começo do mundo, não tinha chuva. Era só dia e noite, sol e lua e nada mais. Não tinha bichos, não tinha planta, não tinha árvore, não tinha verde. Só pedra grandes e rios grandes, no meio das pedras. Nada mais.

Os homens só comiam os peixes dos rios, que eram muitos. Mas, se não comiam peixe, morriam de fome porque não tinha outra coisa não.

E os homens, que não tinham mais peixe para comer, começaram a morrer de fome na terra inteira, em cima das pedras, na beira dos rios vazios de peixe.

Os peixes olharam lá do céu e viram os homens morrendo e chorando, todos com fome. E eles ficaram com pena dos homens e começaram a chorar. As lágrimas dos peixes aumentaram muito as águas do céu e o céu não pôde mais segurar as águas.

Então as águas do céu caíram em forma de chuva, que molhou as pedras, que se desmancharam em terra, e as plantas nasceram para dar comida aos homens.
(conforme relato verbal do índio Puhuy Maxacali, ouvido e transcrito por Luiz Carlos Lemos)
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